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Racismo marca ataque a escola quilombola no Rio de Janeiro

11 de junho de 2018

Escola de comunidade quilombola de Bracuí, em Angra dos Reis, já sofreu outros ataques no passado

Vandalismo na escola teria motivações racistas; quilombo trava luta também contra especulação imobiliária | Reprodução Facebook

Na última quarta-feira (6), a escola municipal Áurea Pires da Gama, situada dentro do quilombo, de Santa Rita do Bracuí, em Angra dos Reis, foi violentamente depredada. Segundo a líder comunitária Marilda Souza, coordenadora da Associação de Remanescentes do Quilombo Santa Rita do Bracuí, os ataques começaram em 2015 quando a escola se autodeclarou quilombola.

“Está todo mundo muito abalado porque foi uma violência muito grande e assustadora, com ameaça de morte à direção da escola e à comunidade como um todo”

“Desde que a gente começou a falar que a escola seria uma escola quilombola, ela começou a sofrer diversos ataques de estrutura, mas dessa última vez eles disseram que vão ‘matar’ todo mundo, ameaçando a diretora”, relembra.

Os banheiros foram pichados com tinta vermelha, fazendo alusão ao sangue. Nas paredes, escreveram “vão morre (sic)”. Além disso, quebraram materiais escolares e ameaçaram a diretora da escola. Marilda conta que a diretora Priscila Bahia sofreu ataques também por ser uma mulher negra.

Duas semanas atrás a escola já tinha sido invadida, mas não houve ameaça de morte. Já no ano passado, algumas salas foram incendiadas e houve tentativa de colocar fogo também na biblioteca.

A professora Martha Abreu, docente do departamento de História da Universidade Federal Fluminense, realiza projetos de pesquisa e extensão na comunidade. Ela conta como está o clima depois do episódio: “está todo mundo muito abalado porque foi uma violência muito grande e assustadora, com ameaça de morte à direção da escola e à comunidade como um todo”.

Em nota, a prefeitura lamentou “o vandalismo com o prédio público e, mais ainda, a tentativa de intimidação aos profissionais”. A Polícia Civil está investigando o caso e o Ministério Público foi também acionado.

Com 822 estudantes do segundo ciclo, a escola quilombola é vista como uma conquista para comunidade. Reconhecido pela Fundação Palmares em 1999, o quilombo Bracuí espera até hoje a titulação das terras ser realizada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Localizada às margens da rodovia Rio-Santos, a comunidade quilombola de Santa Rita do Bracuí trava há décadas uma luta contra a especulação imobiliária do entorno para se manter nas terras dos seus antepassados.

 

Por Juliana Gonçalves

Fonte: Brasil de Fato