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Priscila e Laysa, Presentes! | Ato pede fim de assassinatos de LGBTs aos gritos de ‘ele não’ no centro de SP

22 de outubro de 2018

Manifestantes saíram em marcha no centro de São Paulo em memória e por justiça às vítimas que foram assassinadas a facadas sob gritos de ‘Bolsonaro’

Foto por Daniel Arroyo/Ponte

“Quantos LGBTs o seu voto vai matar?”. Esta era a pergunta estampada numa grande faixa branca que conduzia centenas de pessoas por um trajeto no centro de São Paulo na noite de domingo (21/10). Nas mãos de várias delas, flores, velas acesas, dedos entrelaçados. Havia a troca de abraços longos e repetidos gritos de “ele não”, “ele jamais”, em referência ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL).

Foto:Daniel Arroyo/Ponte

Diversos manifestantes da comunidade LGBT se reuniram em homenagem à travesti identificada como Priscila, assassinada a facadas no centro da capital paulista, e à transexual Laysa Fortuna, também morta por golpe de faca em Aracaju, capital do Sergipe. Os dois casos aconteceram na última semana e testemunhas afirmam que os agressores mencionaram o nome de Bolsonaro durante os ataques.

Foto: Daniel Arroyo/Ponte

O protesto foi organizado pelo Coletivo Arouchianos, que há três anos atua no Largo do Arouche, no centro paulistano, em prol da ocupação do território por LGBTs. A marcha saiu do Largo e percorreu até a fachada do bar, na Avenida São João, onde Priscila foi atingida. No local, emocionados, manifestantes deixaram velas, rosas e fizeram um minuto de silêncio pelas vítimas.

Foto: Daniel Arroyo/Ponte

Para a ilustradora Suzi Muniz, de 26 anos, a violência contra transexuais e travestis, que já é existente, se intensificou com o apoio crescente à candidatura do militar da reserva do Exército brasileiro. “Há cinco meses eu não ouvia uma ameaça de morte. Vou todo o dia para o meu curso no mesmo horário e no dia da eleição [de 1º turno, em 7 de outubro], eu ouvi duas ameaças de morte: um carro com uma família inteira dentro gritando ‘vai morrer’”, conta.

Foto: Daniel Arroyo/Ponte

“Quando a gente passa, as pessoas gritam ‘vai, Bolsonaro’, que é o mesmo que dizer ‘você vai morrer’ porque elas sabem que a gente tem medo do nome dele. Eu tenho medo de ir à padaria comprar um pão, tenho medo de estudar, tenho medo de ir ao trabalho. Eu vou porque preciso sobreviver, mas o medo está constantemente do meu lado como nunca esteve”, desabafa Suzi.

A militante trans Erica Malunguinho, eleita nas eleições de 2018 a deputada estadual de São Paulo, aponta que a representatividade do candidato legitima retrocessos aos direitos dos LGBTs. “Já existe uma estrutura transfóbica presente na mentalidade das pessoas, a diferença é que elas encontraram um representante e aderem ao que ele diz. A imagem dele autoriza que as mortes aconteçam” pontua. “O que aconteceu [com Priscila e Laysa] mostra que a sociedade não está preparada para conviver com a diversidade e aceitar a sua multiplicidade. É absurdo nós termos que lutar para sobreviver”, completa.

Foto:Daniel Arroyo/Ponte

Para elas, apesar do medo, a necessidade de resistência e de ocupar os espaços públicos não pode acabar. “A luta não é só uma opção, ela é necessária. Não dá mais pra ficar em casa, a gente tem que lutar nas ruas porque é nas ruas que a gente está morrendo”, finaliza Erica.

Durante o ato, um ovo foi lançado em direção às manifestantes enquanto a marcha passava em frente a um prédio residencial e ao DPPC (Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania), órgão da Polícia Civil de SP.

 

 

Por Daniel Arroyo

Fonte: Ponte Jornalismo