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Jovem é assassinado em operação policial na Favela do Moinho, em São Paulo

27 de junho de 2017

Fonte: Brasil de Fato

A mãe de Leandro de Souza Santos, de 18 anos, só pode reconhecer corpo após intervenção de Eduardo Suplicy

Moradores protestam contra violência em ação policial na Favela do Moinho nesta terça (27) | Reprodução/Sérgio Silva

O jovem Leandro de Souza Santos, 18 anos, morreu durante ação policial na manhã desta terça (27) na Favela do Moinho, região central de São Paulo, por volta das 11 horas. A notícia foi confirmada pela mãe da vítima, Maria Odete, em entrevista ao Brasil de Fato (vídeo abaixo). Ela reconheceu o corpo do filho no hospital Santa Casa.

Segundo ela, a vítima correu da polícia e entrou na casa de uma vizinha; a polícia, então, teria colocado o som bem alto e dado cinco tiros. “Eu vi meu filho saindo de maca. Levaram ele para Santa Casa, mas ele já estava enrolado no papel. Ele era usuário de droga, era alcoólatra, era doente”.

“Mataram meu irmão. Não só mataram na arma, tinha martelo sujo de sangue”, disse à reportagem o irmão da vítima, Lucas de Souza Santos.

Marca de tiro encontrada dentro do barraco | José Bernardes

No começo da tarde, havia dúvidas a respeito do óbito de Leandro e Maria Odete havia sido impedida de fazer o reconhecimento do corpo do filho e só conseguiu acesso mais tarde, por intervenção do ex-senador e vereador pela cidade de São Paulo Eduardo Suplicy e sua assessora, Camila Victor, que estão acompanhando o caso.

De acordo com as informações da assessoria de Suplicy, o corpo do garoto possui cinco perfurações e sinais de martelada. A mãe de Leandro agora pede ajuda para arcar com as despesas do enterro.

Imagem do martelo que teria sido usado na operação policial | Foto: José Bernardes

A dona do barraco e testemunha do crime, identificada como Lucimar, foi ouvida no DEIC (Departamento De Investigações Sobre Crime) e já foi liberada. Ela estava dada como desaparecida até o início da tarde.

Segundo o tenente-coronel Miguel da Frara, do 13º Batalhão, a operação foi comandada pela Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA) e há mais de 30 mandados de prisão para a região.

“O que chegou para nós de informação é que, numa tentativa de abordagem, houve troca de tiros. A Corregedoria já está ciente da ocorrência”, declarou à reportagem.

O Brasil de Fato entrou em contato com a Polícia Militar e com a Secretaria de Segurança Pública, mas até a publicação deste texto não recebeu nenhum retorno.

Em nota, a Santa Casa afirmou que o jovem já chegou ao hospital sem vida: “o paciente Leandro de Souza Santos, deu entrada no pronto-socorro inicialmente sem identificação. Foi trazido pelo pré-hospitalar que relatou que desde o início do atendimento que o paciente estava sem sinais vitais”.

Leandro de Souza Santos, de 18 anos

Violência policial

A mãe de Leandro afirmou à reportagem que as operações policiais violentas estão cada vez mais constantes na favela do Moinho: “Agrediram minha nora de dieta. Deram um golpe no irmão dele, de 20 anos, que desmaiou. Eu entrei na frente para não acontecer o pior”.

O acontecido com Leandro e o relato de Lucimar a respeito da violência na favela estão longe de serem casos isolados. De acordo com o levantamento realizado pelo Atlas da Segurança Pública, em dez anos, quase 320 mil jovens brasileiros, em sua maioria negros, tiveram a vida interrompida precocemente em casos de homicídio.

De acordo com o pesquisador do Ipea Daniel Cerqueira, em declarações à Radioagência Nacional, à época da divulgação dos dados, a atuação truculência da polícia é fundamental para este cenário: Em vez de ser a polícia truculenta, que ofende direitos, que eventualmente mata e morre muito, e que funciona simplesmente na base do policiamento ostensivo, [a ação de segurança] deve ser baseada na inteligência e na informação.”